cultura
Natália Avelan
Com um corpo de dançarinos envelhecidos e uma celebração do 70º aniversário que se aproxima, o Esbart de Sarrià se depara com a possibilidade de ter que fechar a empresa para sempre. Este é um problema que afecta todas as zonas da Catalunha, que, nos últimos anos, viu perder força o ecossistema de organizações culturais dos bairros.
Esbart de Sarrià foi fundada em 1954 por Manuel Cubelesdestacado coreógrafo e divulgador da cultura popular catalã, que dirigiu a organização até 1962. Desde então o cargo de diretor passou por diversas mãos, como as de Jordi Torres, Lluís Fabregat, Manel Carpi, Alfons Bermejo i Ricard Bonfill, o atual presidente.
Ao longo de sua história, a empresa representou um amplo programa de danças popularesacompanhado por um rico repertório de músicas, coreografias e figurinos, que constituem o patrimônio artístico que Esbart oferece em cada apresentação. Tanto no palco quanto em espaços abertos, o Esbart está de volta em todo o território catalãobem como em Andorra, Córdoba, Sevilha, Madrid, San Sebastian e várias cidades francesas, entre outras.
Atualmente o grupo de dança é formado, em sua maioria, por moradores nascidos no bairro. Há também bailarinos de outras regiões da Catalunha, por exemplo de Sant Feliu de Llobregat, que foram recrutados durante os anos oitenta e noventa, sob a direção de Jordi Torres.
A falta de alívio geracional
No entanto, o problema que enfrentam hoje é o envelhecimento dos membros da empresaque têm entre 55 e 80 anosaproximadamente. “O perfil das pessoas do bairro mudou muito. Já não há tanta gente que nasceu aqui e quem era do bairro também está saindo”, explica a El Jardí, Ricard Bonfillpresidente da Esbart de Sarrià.
Soma-se a esta situação a falta de iniciativa por parte das famílias na inscrição dos filhos na empresa. Por exemplo, Esbart infantildestinado a crianças entre 4 e 8 anosno momento só tem três membrosembora, há alguns anos, tivessem chegado a uma dúzia. “Atualmente as crianças têm muito mais opções de atividades extracurriculares, mas em detrimento das atividades tradicionais do bairro”, enfatiza Bonfill. Consequentemente, o número de bailarinos que passam a integrar o corpo de dança, a partir dos dezoito anos, é nulo.
Essa dinâmica se repete em idades mais avançadas. “É muito difícil encontrar pessoas com esse perfil etário que sejam empreendedoras. Não conseguimos incentivar os jovens nos últimos anos”, lamenta o presidente. Enquanto no anos noventa o jovens constituiu um núcleo poderoso dentro da rede de esbarts da Catalunha, atualmente, perdeu força entre os jovens. “Antigamente, o centro paroquial era o ponto de encontro do bairro, onde aconteciam todas as atividades. Agora dá até vergonha quando você está dançando e as pessoas perguntam o que é isso”, acrescenta.
Mantendo vivo o espírito da dança folclórica
É um problema global que afeta toda a Catalunhaonde a atividade dos esbarts tem se concentrado em vários locais específicos, como San Cugat, rubi eu Olotentre outros. “Talvez mais trabalho devesse ser feito nas escolas. Por exemplo, a Escola Orlandai está muito preocupada em ampliar o número de integrantes que participam de danças populares, como a dança do pau, as sardanas e a dança cigana”, finaliza Bonfill.
Tendo em vista o aniversário de setenta anos de vida do Esbart Dansaire de Sarrià, que acontecerá no próximo ano, o objetivo é incentivar a vizinhança para se inscrever, para evitar ter que fechar permanentemente.